sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

"É sobretudo a lei dessa infinita highway"


Eita, calorão!

Depois de uns dias de correria para arrumar tanta coisa, encaramos a nossa primeira viagem com a filha. Aliás, como um ser tão pequeno precisa carregar tantas coisas? Que trabalheira...

Já no aeroporto (lotado), o medo de qual seria a reação no avião. Para a nossa surpresa, ela nem ligou. Estava em um daqueles dias Miss Simpatia. Conversou e sorriu para todo mundo e tocou o terror. Queria brincar com tudo, comer o folheto de instruções da GOL, rasgar a revista, pegar os óculos da pessoa de trás e, o pior, uma obssessão louca para acordar o moço que roncava ferozmente ao nosso lado. A menina é danada! Tomei o cuidado de colocá-la no peito na hora da subida e da descida, mas parece que a pressão não teve influência em seus lindos ouvidinhos.

Experimentando um churrasco com o dindo

Chegando a Porto Alegre, caramba, que calorão! Nos instalamos na casa da bisa e fomos atrás de comida. Deixei de lado o preconceito e decidi que, durante a viagem, ela comeria papinha da Nestlé. Não havia a menor condição de cozinharmos. E, claro, ela adorou. Comeu de lamber o beiços. A minha papinha nunca foi tão bem-recebida. É, difícil concorrer com o McDonald's dos bebês... A cadeirinha de comer nos fez muita falta, ainda mais quando se trata de um nenê que quer fazer tudo em pé. Quando eu digo tudo, é tudo mesmo. Tomar banho, trocar fralda, comer, dormir e, ultimamente, até cacá ela anda fazendo em pé, igual a um cavalo. Esse foi um aspecto que a viagem apatifou. Com a invenção de comer pirulitando pela cozinha, ela não aceita mais comer na cadeira. Come um pouquinho, fica entediada e simplesmente se recusa a continuar — não abre a boca. Aí, na hora em que a gente solta, lá vem o bocão cheio de apetite.

Com os amigos do papai

Os dias foram muito intensos e calorentos. A cada dia, conhecíamos um grupo diferente de amigos e familiares do papai. Antes de irmos, Bethânia não andava reagindo muito bem na presença de estranhos, mas, lá, foi só farra. Parece que ela entendeu o significado de férias. Aproveitou tudo até o último segundo, brincou muito, dormiu pouco, conheceu e conviveu com pessoas muito queridas.

Contemplando a vista no Morro Pelado, em Gramado

Antes do Natal, subimos a serra para Gramado/Canela. Aí, fizemos uma imprudência que dá até vergonha de contar, mas acho necessário registrar aqui coisas que os pais não devem, mas acabam fazendo na hora do nervosismo. Como não levamos carrinho/bebê-conforto, pegamos uma cadeirinha emprestada com um primo para pegar a estrada. O problema é que a Bethânia odeia andar de carro. No caminho, por causa do desespero dela chorando, acabei ficando com ela no colo. Se eu visse aquela cena na estrada, tenho certeza, que comentaria: "Meu Deus, que pais sem noção!". Sim, talvez a gente seja mesmo, mas, nessa jornada de aprender a ser pai e mãe, a gente acaba fazendo um monte de coisas "sem noção". Complicado, viu?

Farra em família

Foram sete dias de muitas novidades, aprendizados, alegrias e cansaço. Espero que tenha sido a primeira viagem de muitas que ela ainda vai fazer por esse mundão. E, ao voltar, a gostosura tinha engordado a mesma quantidade que engorda normalmente em um mês. Eh, McDonald's terrível!
 
Com o vovô Fernando e a vovó Helena

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

"When I was a child I had a fever. My hands felt just like two balloons"

Olhando para a mamãe e reclamando da febre

Depois de oito meses e 10 dias, enfrentamos a nossa primeira febre. Pai de primeira viagem é uma m... Sentimos que a lindeza estava com uma temperatura diferente, mas não nos tocamos. Teve até uma hora que achei que ela estava assim morninha por causa do banho quente. À tarde, quando a babá chegou, disparou na hora ao tocá-la: "ela tá com febre". Pronto, tudo explicado. Não tinha comido direito, tava chatinha, sonolenta... Primeira temperatura: 37,5Cº. "Ah, já ouvi dizer que isso em criança não é febre. Vamos esperar". E, pela primeira vez também, o pediatra não atendeu o telefone. Oh, danada da Lei de Murphy.

Duas horas depois: 38,7Cº. Começou o desespero. Liga de novo pro pediatra. Justamente agora ele tinha ido passar uns dias em São Paulo. Acho que médico de bebê tinha que ter um clone para usar nesses períodos. Dei Alivium e a febre baixou, mas a temperatura não ficava abaixo dos 37,5ºC. Ai, que dó da minha bichinha...

À noite, conseguimos incomodar o médico e ele nos disse o mesmo que todos os sites e pessoas conhecidas: "Febre de nenê é assim mesmo e pode ser qualquer coisa, provavelmente, é uma virose. Não precisa levar ao hospital. É controlar com antitérmico e observar. Tem que melhorar nos próximos três dias." TRÊS DIAS!?!?! Não dá. Muito tempo. Quero que ela melhore agora! Apesar das recomendações, na hora em que o termômetro bateu 39,2ºC e ela vomitou "a la Exorcista" o Tylenol, saímos correndo pela casa, trocando de roupa e "toca pro hospital".

Lá chegando, tendo submetido a menina ao frio e à chuva, esperamos meia hora só para passar pela triagem. A pediatra, morrendo de sono, nem olhou para a menina e disse: "mãe, febre de nenê só é preocupante se durar mais de três dias. Vai pra casa, muito líquido e antitérmico". Assim fizemos, mas acrescentamos muito carinhos, cuidados e beijinhos à receita.

Dois dias depois, ela estava linda e maravilhosa aprontando pela casa toda, assim como ela é. Ufa, sobrevivemos!

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

"A gente não quer só comida. A gente quer a vida como a vida quer"



Depois de dois meses brincando de introdução alimentar, acho que Bethânia está realmente comendo. Foram muitas caretas e cuspidas, mas, agora, ela aprendeu a engolir, abre a boca e pede para almoçar. É muito interessante ver que eles vão entendendo que aquilo é para comer e o mais legal é a reação aos diferentes sabores, texturas e temperaturas. Tenho deixado ela brincar bastante (o que suja até as paredes da cozinha) e estou descobrindo cada vez mais a personalidade da pequena. Pêra não é gostoso e batatinha baroa, hummm, que delícia! Quando ela não quer mais, tapão na colher. Quando insistimos, fecha a boca e esfrega a mão na cara sujando da nuca ao nariz. Aí chora porque caiu comida no olho. "E não me limpa". Ela fica puta demais com um pano ou um guardanapo sendo esfregado no rosto.

Apesar da minha felicidade por achar que ela está alimentando direitinho, ela não chega nem perto da quantidade que o pediatra quer que ela coma por papinha: 180ml. Ela está ali entre 90ml e 100ml e não aceita mais do que isso. Bethânia e seus comportamentos abaixo dos padrões esperados. Desde a barriga ela é assim: cresce pouco, engorda pouco, come pouco... Tendo a me preocupar, mas meu instinto de mãe me diz que está tudo bem. Ela é assim e tenho de aceitar.

E, como tudo tem dois lados... Ela estar comendo é ótimo, mas trocar a fralda passou a ser uma operação de guerra. A guria agora faz cocô em toletes. No começo, o intestino travou e ela só fazia de três em três dias. E um cocô sofriiiido. Uma força danada, de sair lágrimas dos olhos. Tadinha! Agora, que acho que o sistema se acostumou, ela está exagerando na dose. Faz uns seis cocôs por dia — sempre de mais ou de menos, nunca na medida. E o cheiro? Dá vontade de jogar a fralda usada na casa da vizinha de cima. Tá rolando até par ou ímpar pra ver quem encara a bronca.

domingo, 27 de outubro de 2013

"Todo mundo tem pereba"


Como boa descendente da mamãe, Bethânia está com alguma alergia, ainda não identificada.

Um belo dia acordou toda empelotada no pescoço. No dia seguinte, as bolinhas desceram para o peito e para as costas. Depois, se espalharam para a região do bumbum e da perereca. Suspendemos tudo o que poderia estar causando as perebas, nada adiantou. Depois de uma visita do pediatra, veio o diagnótisco de roséola, a prima pobre da rubéola. Conhecida como a "quarta" daquelas doenças inofensivas da infância. É um vírus, que tem um período de incubação entre 5 e 15 dias.

Só que não. O tempo passou, as bolinhas melhoraram e voltaram. Alguns dias de antialérgico amenizaram a situação, mas os carocinhos insistem em permanecer. Como ela começou a comer, temo que seja uma alergia alimentar. 

Vamos lá. Descobrir o que está pintando a bonequinha.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

"Minhoca, minhoca, me dá uma beijoca"



Nossa minhoca virou tatu!

Bethânia mudou de turma na aulinha de psicomotricidade. Diante da nova habilidade - ficar de quatro se balançando e se equilibrando - a boneca foi promovida. Próximo passo, engatinhar :)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"Estou vivendo cada segundo e você como se fosse uma eternidade a mais"



A boneca fez seis meses. Meio ano é um marco. Tudo é muito diferente. Agora, ela não é mais tão frágil, tão indefesa. Está pronta para comer, beber, passar repelente, protetor solar, nadar em piscinas... Como diria o pediatra, pronta para tomar muita vitamina "S" (sujeira). Ou seja, já já ela estará por aí, curtindo a vida adoidado.

A emoção dos seis meses é conflitante. Ao mesmo tempo que a alegria é enorme por ela estar se tornando mais "independente" e vivendo coisas novas todos os dias, você se toca que seu bebê está crescendo. Agora, meu mamá se tornará cada vez menos necessário, e isso é um pouco assustador. Os primeiros momentos de vida desse bebê, da minha Bethânia, acabaram. E isso, por mais estranho que pareça, dá um saudosismo.

Vamos lá. Curtindo cada minutinho para não perder nada dessa delícia que é ser pai e mãe.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

"Uma pirueta. Duas piruetas. Bravo, bravo"


O desenvolvimento nas últimas semanas é vibrante. Sempre que Bethânia acorda é uma novidade. Ela vira, desvira (sem consciência, mas desvira), segura os dois pés e briga quando não consegue colocá-los ao mesmo tempo na boca. Levanta o bumbum tentando ficar de quatro, e está quase sentada, oficialmente. No começo, ela ficava igual a um macaquinho, com as costas arqueadas e as mãos apoiadas. Agora, já levanta o corpo, se equilibra, se mantém por um tempo e cai para um dos lados.

O controle das mãos está praticamente perfeito. O dedão já saiu do esconderijo e ela tem total noção da distância das coisas. Pega tudo, troca de mãos e, automaticamente, leva à boca. Não importa gosto, textura ou tamanho. Inclusive, tenta colocar cadeiras, mesas e as nossas cabeças na boca.

Com essa consciência corporal, ela começa a mostrar uma característica muito típica na minha família, mais conhecida com a "delicadeza lamberiana". A guria é bruta!

Mas, impressionante mesmo, é a gostosura, que aumenta a cada dia. Ela ri, grita, brinca e deixa a gente bobo de tanto rir.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

"Caminhando e cantando e seguindo a canção"



Depois de um bom tempo sem conseguir atualizar o blog, volto para contar que estamos sobrevivendo ao meu retorno ao trabalho. Com algumas pequenas questões, mas sobrevivendo. Os primeiros dias foram bem difíceis. Bethânia não pegava a mamadeira, chorava demais e meu coração ficou em pedaços. Chorei algumas vezes pelos corredores da redação sem saber o que fazer. Agora, ela se comporta melhor a cada dia e está bem mais conectada a Sandra (a nossa pequena GRANDE babá). Ela ainda pensa que a mamadeira é pra brincar e não pra mamar, mas mantém o bom-humor.

A rotina está bem cansativa. Saio de casa às 15h50, volto para dar mamá às18h e chego do trabalho entre 23h e meia noite. Ela continua com o sonão a partir das 18h30, mas passou a acordar entre 1h e 2h, tira uns cochilos agarrada no peito no resto da noite e quer brincar a partir das 5h30. "Ai, ai, ai, assim mata o papai (e a mamãe)". A solução tem sido um rodízio na distração da pequena pela manhã, mas tem dias que o cansaço é cruel.

Bem, vamos aos problemas. Depois de vários excelentes e parabéns, o pediatra escreveu um simples OK no resumo da consulta. Acho que não há uma expressão abaixo disso. Será que ele usaria um "putz", por exemplo? Neste mês confuso de mudança de casa e volta da mamãe ao trabalho, o nenê engordou só 310gr e cresceu 1cm. A média na idade dela é 500gr. Enfim, ele nos deu mais 15 dias para ela voltar a engordar direito, senão as papinhas terão de vir um pouquinho mais cedo. Peito nela! Agora a gente é assim. Regime de engorda. Tomara que dê certo.

Acredito que uma junção de fatores, além da mudança na rotina, ocasionou o baixo peso. Primeiro, a Bethânia não pede peito. Se deixar, ela passa quatro, cinco horas sem mamar. Ela só percebe que está com fome quando vê o peito. É muito engraçado. Ela faz um "hum, hum, hum" e olha para o peitão como se fosse uma lasanha à bolonhesa. Segundo, o meu leite anda meio baqueado. O peito não enche mais como antes. Acho que o estresse da redação e a descida da minha menstruação (sim, no meu blog eu falo de menstruação) fizeram o leite diminuir. Enfim, água e milho, tudo de milho. Impressionante o que uma pamonha é capaz de fazer com o meu peito.

Enfim, estamos aí. Se esforçando pra gordinha ficar ainda mais gordinha. Vamos em frente!

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

domingo, 18 de agosto de 2013

"A canoa virou. Quem deixou ela virar?"



Esta semana levei a pequena a uma aula dessas de psicomotricidade para bebês. Nome estranho que, segundo o Wikipédia, significa "a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo."

Logo no primeiro exercício, tomei um esporro por não deixá-la de bruços. Expliquei que ela não gosta e fica muito sentida comigo quando a deixo assim, mas a "tia" me explicou pacientemente que é de bruços que ela vai desenvolver todo o processo de fortalecimento do pescoço, da coluna, dos ombros para poder virar, engatinhar, sentar e seguir o desenvolvimento.

Segundo exercício, mais um esporro. A falta de deixá-la de bruços, está desenvolvendo muito rápido o processo de sentar. Ela é muito durinha e adiantada nesse sentido. Segundo a tia, não é um problema, mas não é legal pular etapas. Enfim, prometi tomar mais cuidado e acostumar essa menina a olhar pro chão, de castigo! No mais, a parte da aula que a Bethânia quis participar, foi muito legal. Ficou eufórica com as coleguinhas, adorou as cores e brinquedos, colocou a mão da amiguinha na boca, que reciprocamente, repetiu o gesto e 25 minutos depois... berrou de exaustão.
 

E não é que o negócio foi bom mesmo? Após a delicada sugestão da tia comecei a deitar o nenê de bruços e distraí-lo com brinquedinhos para aguentar o processo. Em três dias, ela virou pela primeira vez! Fez uma superforça e voilá! Agora ela aprendeu a brincadeira, mas toda vez que faz é gargalhada na certa, porque a força pra virar é tanta que rola uma bela sequência de peidos, igual uma kombi velha.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

"Deus dá o frio conforme o cobertor"

O bico pré-choro
 
O medo de voltar ao trabalho me assombra desde quando Bethânia ainda estava na barriga. Agora, que faltam pouquíssimos dias, meu coração está tão apertado que não sei como ainda está batendo. Acho que já passei por todas as fases que a questão envolve. Pensei que ia ser tranquilo, quis pedir demissão, tive certeza que não seria feliz deixando o meu emprego, procurei todas as brechas de legislação possíveis para estender a minha licença-maternidade, pedi orientações, opiniões e ajuda para várias pessoas, chorei, pensei em demissão de novo, mudança de horário...

Conformada com a necessidade de retorno ao jornal, busquei a única solução possível para nós: uma babá. Eu e meu marido trabalhamos em um horário complexo: das 16h às 23h. Isso não nos deixa com a possibilidade de creches e escolinhas. Nossas mães trabalham (e muito) o que também elimina o método vovó amiga. Não tínhamos escolha. Eu sempre lidei muito bem com essas situações em que não há outro caminho. É isso e pronto, acostume-se. Mas, confesso, essa foi um pouquinho difícil de engolir... Teoricamente, a questão do horário é até boa, porque esse é o momento do sonão. Bethânia sempre dorme perto das 18h e vai até meia-noite mais ou menos. Se a rotina continuar (o que acho difícil), ela vai passar pouco tempo sem mim.

Enfim, desde junho estamos conhecendo a Sandra. Uma pequena pessoa, atenciosa, agitada e trabalhadeira. Quando digo pequena, é verdade. Bethânia com um ano deve estar próxima da altura da Sandra (hehehe). Mesmo achando uma boa pessoa, demorei um mês para conseguir deixar a boneca meia hora sozinha com a babá. Hoje, estamos mais acostumadas.


O problema é que, com a proximidade, tenho passado essa ansiedade para a nenê. Nos últimos dias, Bethânia virou um carrapato. Chora no colo de todo mundo, não fica com ninguém e, o pior, berra enlouquecida quando vê a Sandra. Tadinha da Sandra.


Além disso, tem a questão do leite. Tomei a decisão de não introduzir comida na criança antes do seis meses. Estou fazendo um estoque de leite materno para ela tomar enquanto estou fora. O problema é que ela não pega a mamadeira. Tenho alguns dias para tentar outros métodos: copinho, colher, sonda... o que der, deu. Para me consolar, as pessoas dizem: "O instinto de sobrevivência dela é maior. De fome ela não vai morrer". Poxa, mas vai sofrer muito até lá, né? E ela está acostumada a dormir no peito. Ai, ai, não como vai ser isso...


... bem, vamos lá. Mais uma fase difícil da maternidade. Espero que o meu sofrimento seja muito maior que o dela e que fiquemos bem ao final disso tudo.

domingo, 28 de julho de 2013

"Oh, como melhorou o ar"



Descobrimos o segredo do banho da boneca. Depois de mais de três meses chamando a pobre criança de Porquinha, Cascona, Maria Fedida e outros adjetivos fedorentos, vimos que é possível dar banho nela sem que tudo se transforme em um filme de terror. A salvação veio com o artefato acima, dado pela vovó Dulce.

Sentada na cadeirinha, ela curte, relaxa e até sorri no banho, o que parece mentira para quem já presenciou o escândalo ao encostar na água. Tínhamos até conseguido amenizar a situação colocando ela no banho junto com a gente no colo, mas a manobra começou a ficar arriscada desde quando ela descobriu que o altura do colo tem um ângulo perfeito para alçar voo.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

"Eu só quero... sossego"



Filha, te amo mais que tudo no mundo e essa sua carinha é uma delícia, mas tem dias que eu queria uma folguinha. Assim, só um pouquinho, uma horinha, quem sabe?

segunda-feira, 22 de julho de 2013

"You live, you learn"



Olha o que ela aprendeu hoje!!!

Passou o dia nessa brincadeira. A gente fazia e ela repetia. Bolinha de baba para todo lado e um monte de gargalhadas.

Depois de tanto aprendizado, ficou exausta.

terça-feira, 16 de julho de 2013

"Narciso acha feio o que não é espelho"




Betha se descobriu no espelho. Na verdade, não sei se ela se descobriu ou se descobriu uma amiguinha muito legal e linda.

Ela olhou, observou, encarou e deu um sorriso discreto. Quando aquele neném interessante sorriu também, a emoção tomou conta e ela abriu o sorrisão banguela... 

E o papai babão atrás presenciando a descoberta.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

"Comer, comer... É o melhor para poder crescer"



Consulta de um mês com o pediatra. Não é que a minha pequena está crescendo? Aquele farelo de gente que nasceu já está com 3,775kg e 53,5cm, com uma média de crescimento de 51 gramas por dia. Ela está até ficando bochechuda. Viva o leite materno!

Diante do sofrimento diário das cólicas, desistimos de furar a orelha. Sei que depois vai doer, mas perdemos a coragem. Dá pena e medo de dar algo errado. Melhor deixá-la tomar essa decisão.

Na madrugada...
Impressionante como os minutos se arrastam na hora de colocar o neném para arrotar. Já que ela é a Golfa, golfa da Estrela, normalmente a deixo levantada entre 10 e 15 minutos antes de colocar no berço. Eu olho o relógio, reflito, penso sobre o dia, cochilo... olho de novo e nem um minuto se passou.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

"Can't take my eyes off you"



Um mês! Dia de muita alegria por essa boneca estar crescendo forte e saudável. Eu agradeço!

Hoje ela agarrou o próprio cabelo. Puxava,
doía, chorava, puxava de novo... E o papai e a mamãe morrendo de rir. Tadinha...

Descobrimos na rede uma grande aliada. A criança dorme e na hora em que ela se mexe para acordar a rede balança e ela dorme de novo. Muito bom.

Ser mãe é:
Estar cagada, mijada ou golfada.

domingo, 28 de abril de 2013

"Deixa a vida me levar"

Com as "primas tortas" Alyce e Maria Júlia


Após uma manhã musical com direito a Clara Nunes e Led Zeppelin, fomos ao primeiro compromisso social da boneca. Festa de três anos do primo Leleo. Fiquei igual a um pavão exibindo minha cria e ouvindo todo mundo dizer que ela é a cara do pai. DE-SA-FO-RO! 

Destaque para os pais que não sabem tirar o bebê conforto do carro, muito menos colocá-lo no carrinho, e tiveram que mobilizar a festa inteira para ajudar.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

"Tudo vira bosta"

Soninho


Nova mania da criança: fazer cocô no banho. Bem na hora de secar o bumbum limpinho e cheiroso para colocar a fralda ela começa a se borrar. Limpa, sai mais, limpa de novo, ops... um peidinho, mais um pouquinho. "Meu bem, coloca logo a fralda!" "Mas a guria não para de cagar." "Fecha a fralda, aí a gente não vê o cocô sair". É, sou uma mãe que deixa a filha cagada. Só não me denunciem de novo ao conselho tutelar, por favor.

Pela primeira vez, a lindinha dormiu por cinco horas seguidas. Quando bateu três, acordei com o peito jorrando leite. Depois, de 15 em 15 minutos eu colocava a mão nela para saber se estava respirando. Complexa essa vida de mãe. Se a filha não dorme, reclama de cansaço. Se dorme, não relaxa de preocupação...

Após um merecido descanso, papai acordou ainda mais apaixonado.


Ser mãe é:
Escolher entre comer, tomar banho ou dormir.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

"Finjo ter paciência"

 
Rock n' roll



Uma nova rotina se inicia. Perto das 6h, algo começa a incomodar a criança. É um espreme, espreme danado. Parece que ela está produzindo um supercocô complexo de sair. Duas horas depois, vem a bomba. Naquele estilo "não tem fralda que segure". Depois disso, ela consegue dormir um soninho até a hora do almoço e outro até o fim da tarde -- horário em que vira um ser berrante. Lá pelas 19h30, dorme de exaustão e volta a ser fofinha.

Entre as receitas tradicionais para cólica, experimentei a funchicória -- um pozinho com cheiro de pum que as mães usavam antigamente, mas a Anvisa proibiu por não ter "efeitos comprovados". A Bethânia acalmou um pouco. Talvez não seja o ideal, mas descobri que, na hora do desespero, meus critérios e noções se vão rapidamente. Como diria um amigo querido: "quem não tem critério, não tem preconceito".

Essa semana surgiu em nossa mesa um livro: Casamento à prova de bebês. Bastante apropriado para o momento. O cansaço somado à insegurança influencia na paciência e tudo fica mais complicado na vida do casal. É muito fácil oscilar entre abraços e xingamentos. O livro tem uma bela recomendação que vamos tentar colocar em prática: só se deve levar uma discussão a sério quando os dois tiverem dormindo 8h por noite há pelo menos um mês. Nesse momento, dormir tanto assim me parece um sonho distante.

Na madrugada...
Que friiiiio. A queda da temperatura nesses dias não foi legal. Acordar para amamentar assim é doído. Como as mulheres de países frio dão mama?

segunda-feira, 22 de abril de 2013

"O sapo não lava o pé"



Manhã de testes:

Teste da orelhinha: Aprovada com louvor!
 

Teste do pezinho: Bethânia tinha acabado de relaxar da aventura sonora quando chegou o enfermeiro do laboratório para extrair seu sangue. Aperta, aperta o pezinho. Tadinha, não sabia que isso doía tanto. A cada berro, uma agulhada no meu coração. Muitas mamadas depois, um banho e uns sacolejos, a boneca conseguiu ter uma bela tarde de sono.

Até as 16h, claro, que é a hora que começa o terror das cólicas. Oh coisa sem jeito...

domingo, 21 de abril de 2013

"Quer saber? Apure"



Aniversário de Brasília!

A coleguinha Clarice nasceu :) Muita luz nesse momento mágico aos amigos Eliane e Renato.

Dando sequência ao momento cólicas, Bethânia sofreu todo o fim de semana com esse bumbo na barriga. Chora, berra, mama, vomita, se contorce, reclama, cochila... Chora, berra, mama, vomita... não necessariamente nessa ordem. Em alguns momentos, ela parecia um bebê exorcista, vomitando em jato. Uma amiga me disse que o Mylicon causou essa reação no filho dela. Na dúvida, troquei pelo Luftal. 

Em busca de uma solução, pesquisei em livros, na internet e fiz perguntas a todas as pessoas que têm filho no mundo. Cada um como uma receita, infelizmente, acompanhada da frase "Ajuda, mas não resolve. A única coisa que resolve mesmo é o tempo". É duro se conformar com isso. Cortei tudo: laticínios, molhos, carne vermelha, legumes que provocam gases, feijão, ervilha, lentilha, grão de bico... Vamos ver se resolve.

Enfim, é isso aí. Ninguém disse que ia ser fácil, só que ia ser bom... muito bom!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

"Saiba, todo mundo foi neném"



Primeira visita ao pediatra. Bethânia ganhou um excelente e uma carinha feliz no boletim.
 

- Peso: 2.960kg (+500gr. além da saída da maternidade)
- Altura: 51cm (+5cm)
- Reflexos e movimentos: muito bons
- Boniteza: em total ascenção


"Doutor, lembra que o senhor falou na maternidade para deitarmos ela do lado direito para evitar o refluxo? Podemos variar isso, porque ela já está pendendo para esse lado?"
"DEVEM!!! A cabeça da menina está ficando redonda de um lado e amassada do outro!"

É, definitivamente precisamos parar de levar as coisas ao pé da letra. Entortamos a guria...

quinta-feira, 18 de abril de 2013

"Procurando bem todo mundo tem pereba"

Com meu amigo "mãozinha"
 
Meu Deus!!! De repente, aquele anjo bonzinho e gostoso virou uma máquina de berrar e pular. A cólica começou cedo e passei o dia tentando fazer algo para acalmar essa dor, que me corta o coração a cada chorinho. Muitos me disseram que para isso não tem remédio, só o tempo, mas meu cansaço resiste em acreditar que terei de passar por isso mais dois meses e meio.

Ser mãe é derrubar preconceitos. Confesso que sempre fui cheia de críticas e preconceitos com mães que dão chupetas e remédios para seus bebês. Em dois dias de cólicas, já pedi ao marido para comprar a melhor chupeta que existe e liguei para o pediatra para perguntar se há algum remédio. A minha agonia é tanta que aceitaria até um sonífero... Hehehe. Quando a situação é na pele da gente, passamos a entender melhor as pessoas e, hoje, me sinto ridícula por sempre ter sido tão radical com algumas coisas. E admiro ainda mais mães que resistem a essas "facilidades". Um simples e belo aprendizado!

A chupeta, ela não pegou (no fundo, senti um alívio). Demos um antigases (Mylicon), que parece ter ajudado um pouco e compramos uma bolsa térmica de grãos de trigo super bonitinha (e cara!) em formato de sapo. Agora é isso, testar, testar e testar.

Pequeno detalhe: 90 fraldas em 17 dias... E a pegada ecológica da filha está ficando tensa.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

"Como é que uma coisa assim machuca tanto?"


Seguindo o ditado "tudo o que é bom dura pouco", acho que a tranquilidade acabou.

Tive hoje a primeira sessão de cólica da boneca. Duas horas em uma luta danada. Demorei a entender o que estava acontecendo, Bethânia chorava, chorava e eu não conseguia fazer nada para acalmá-la. Se a afastasse do meu corpo, parecia que eu estava batendo nela. Se a deixasse muito tempo, ela se debatia toda.

Como as mães passam por isso? É desesperador demais. Só conseguia sentir vontade de chorar junto. Depois de muita canseira e um banho de balde com a tia Fafá, a lindinha dormiu exausta de tanto berrar. E eu junto...

Ps: Sim, hoje a música é brega. Hehehe

sábado, 13 de abril de 2013

"Uma sede de anteontem"

Betha mama, mama, mama... Acho que o objetivo é sair pelas orelhas. Ela não tem limites. Só uma coisa a dizer: golfo no meu cabelo.

Minha pequena está ficando tão gordinha que agora tem bochechas. E o melhor: com uma linda covinha em uma delas :)

Na madrugada...
... Lembrei de uma canção de ninar boa. "É tão tarde. A manhã já vem. Todos dormem. A noite também..." Boa, Dorival! Só teve um problema. A música me fez dormir antes dela. Oh sono sem jeito...

sexta-feira, 12 de abril de 2013

"Me ninava cantando cantigas de cabaré"

 
Tomando banho de balde


"Como é que põe esse neném no bebê conforto?? Que coisa complicada!"

Levamos a boneca para tomar vacina. Tadinha! Cortou o coração vê-la berrando. Parece que a dor era em mim. Chorei junto... E quase chorei também quando a mulher do posto me obrigou a tomar a vacina da gripe. Ela me prendeu lá e disse que eu só ia sair depois de tomá-la. Eu era obrigada por causa do meu recém-nascido. Topei, né? Afinal, sou uma mãe fichada no conselho tutelar. Não posso mais discutir com as autoridades.


O umbiguinho caiu.

À tarde, após uma mamada, Bethânia chora, briga, berra, bate, grita, me aperta, se aperta. "Meu Deus! O que está acontecendo?"
- Bruaaahhhh! (o maior arroto do mundo)
Pronto, passou.


O cansaço...
... Hoje o desespero de fome e sono era tanto que comi um prato de farinha láctea com leite podre e não me dei conta. Até achei um gostinho azedo, mas a fome era tanta que ignorei. Eca!

Na madrugada...
... Vou cantar uma canção de ninar pra ver se ela dorme mais rápido. Qual, qual??? Droga, não me lembro de nenhuma. Vamos de samba mesmo.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

"Nada como um dia após o outro dia"




Betha não dorme mais como antes. Fica em um dorme, soluça, acorda, chora, mama, golfa... Acho que é a personalidade dela aflorando. Deve ter puxado ao pai (hehehe).

O nascimento da boneca foi devidamente registrado no Jornalistas & Cia. Gente coisa é outra fina!

Vesti pela primeira vez algo diferente de uma camisola e descobri que preciso comprar roupas. Por incrível que pareça, tenho poucas peças que permitem fácil acesso aos seios.

terça-feira, 9 de abril de 2013

"O grande poder transformador"

Viva os sete dias! Vestido vermelho pra comemorar

A tristeza ainda mora dentro de mim. É automático: o Guilherme vai trabalhar e o choro começa. Acho que tenho um pouco de medo dela. De não saber o que fazer se ela fizer algo diferente de mamar ou dormir... Enfim, "cantando eu mando a tristeza embora".

Pensamento da madrugada: "Putz, a orelha ficou dobrada de novo. Tenho que lembrar de ajeitar essa orelha na hora do mamá, senão ela vai ficar torta. Será que fica mesmo?"


Música do dia: http://letras.mus.br/caetano-veloso/44717/

segunda-feira, 8 de abril de 2013

"And it makes me wonder"



Papai colocou A música para ela ouvir: Stairway to Heaven. Ficou vidrada e 10 minutos depois, vomitou. É, Led Zeppelin é assim mesmo, minha filha. Uma porrada que marca a gente para o resto da vida.

Primeiro dia que o Guilherme foi trabalhar. Foi instantâneo. Ele saiu e eu caí no choro. Fui acometida por uma tristeza profunda. Chorei por três horas seguidas, sem saber exatamente o porquê. Além da tristeza, a culpa. Eu estava com a coisa mais linda, perfeita e desejada ao meu lado e sentia um vazio enorme. Isso fazia de mim a pior mãe do mundo?

Liguei para minha doula amada, R., aos prantos, igual criança. Aí descobri que isso era normal. Era o tal do baby blues. A maioria das mulheres passa por isso em algum momento após o parto. Viramos uma bomba de hormônios. Por que ninguém me contou isso durante a gravidez? Me contaram e eu não prestei atenção? Passei a entender completamente as mães que têm depressão pós-parto. O negócio é forte.
 

Depois disso, a noite foi muito difícil. Bethânia sentiu minha tristeza e insegurança e ficou bem nervosa. Eu, exausta e com dor de cabeça de tanto chorar, não conseguia fazer muito por ela. Minha irmã teve de entrar em cena para me ajudar até o papai chegar.

Na madrugada, voltei a chorar, agora de dor. Fiz muito esforço tentando acalmar o bebê e detonei algo na minha ainda instável barriga. Liguei para dra. J. às 3h... Voltaren e cama.

Criança devidamente registrada: Bethânia Lambert Goulart


Música do dia: http://letras.mus.br/led-zeppelin/64052/#original

domingo, 7 de abril de 2013

"Linger on, your pale blue eyes"



Adoro dormir um pouquinho, acordar e olhar pra ela. Parece que a cada minuto ela fica mais perfeita. Papai não para de babar. Passou o dia chateado porque volta a trabalhar amanhã.
 

Pela manhã, encaramos uma sessão de choros e incômodos incompreensível. Trocada, de barriga cheia, deitada quentinha na cama com a mamãe e o papai... Não dava pra entender. Depois de meia hora, resolvi examiná-la com mais cuidado. Tadinha, estava com as duas pernas presas em uma só do macacão. 

É, burrice também faz o neném chorar.


Música do dia: http://letras.mus.br/marisa-monte/47290/

sábado, 6 de abril de 2013

"Silêncio, por favor..."




Dia de visitas: vovó Otília, vovô Marinho, tia Mariana, Bernardo, tia Ana...

E a princesa continua se comportando. Mamando e dormindo direitinho. A cada segundo ficamos mais apaixonados. "É impressionante como ela é linda!"
 

Ligamos a televisão pela primeira vez desde que saímos da maternidade. O volume no mínimo, claro.


Música do dia: http://letras.mus.br/paulinho-da-viola/48060/

sexta-feira, 5 de abril de 2013

"Nesta data querida"


A boneca ganhou uma boneca


Aniversário da mamãe. O momento é tão especial e emocionante que a data ficou bem pequenininha... Cantamos parabéns e tomamos café da manhã em família para não passar em branco. Teve até bolo e velinha.

Acordei em uma poça de leite. Desceu durante a noite e, para a minha surpresa, sim, o meu peito tem capacidade para ser bem maior. Ele ficou duro como uma pedra, o dobro do tamanho e, consequentemente, três vezes maior do que a cabeça da Bethânia. Coitada, parecia mamar no Pão de Açúcar. No fim da tarde, aprendi a me ordenhar para aliviar a pressão. O banco de leite agradece.

Durante o dia, recebemos a ligação e a visita do Conselho Tutelar. Com uma filha de três dias, já estávamos fichados. O hospital nos denunciou por termos ido embora sem a alta do pediatra de plantão, e uma conselheira veio checar se estava tudo bem. A moça ficou até com vergonha quando chegou e viu como a filha estava sendo "maltratada" — engordando, mamando e coradinha. Em um primeiro momento, pareceu piada, mas depois ficamos felizes em saber que o Conselho Tutelar funciona na capital do país. O trabalho deles é bastante importante. 

Agora vamos ter de andar na linha, não somos mais ficha limpa...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

quarta-feira, 3 de abril de 2013

"E eu tão singular me vi plural"





Quantos barulhinhos... Será que ela tá bem? É normal? É um espreme, espreme... Deve ser pra colocar tanto gás pra fora. A menina é uma máquina de pum. Solta cada bomba, capaz de fazer inveja em adolescentes.

Noite e madrugada complicadas. Por causa de uma superlotação e um surto de cesáreas em 2 de abril — justificado pela Semana Santa — ficamos sem assistência no hospital. Não tínhamos lençol, toalha, travesseiro, comida e, muito menos, a ajuda das enfermeiras. Passei a noite com a criança encostada no meu corpo para ter a certeza de que ela estava bem e quentinha. A intenção era de que a saída do útero não fosse tão traumática. "Acho que ela está cagada. O que a gente faz? Troca? Chama uma enfermeira..." Ficou cagada. "Ela está chorando... Põe no peito". A noite dela foi tranquila. A nossa, cheia de emoções.

Não dormi. Quando fechava os olhos, revivia cada segundo do parto. Ia a lugares dentro de mim nunca antes explorados. Eu era um misto de adrenalina e de emoção inexplicável. "Como é possível ela estar aqui nos meus braços e eu ainda estar sentindo ela tão intensamente dentro da minha barriga?" Sensação estranha. "Como eu posso ter feito essa coisinha tão linda, pequena e frágil?" A vida é um milagre. Eu agradeço!

O dia começou cedo com um entra em sai danado no quarto. Toda hora um médico, uma enfermeira e, principalmente, alguém para "vender" alguma coisa: exame da orelhinha ultratecnológico, teste do pezinho com análise especial, furo da orelhinha... A dra. J. assinou minha alta logo cedo e ficamos na dependência da liberação do bebê. Pela manhã, outro pediatra do hospital (vamos chamá-lo de Dr. Esquisito) veio vê-la e estava tudo bem. Podíamos ir para casa às 18h. Era só esperar.

Por causa da minha mania de querer saber de tudo, chamei alguém do banco de leite para me ajudar a encontrar uma posição menos travada de amamentar. Erro. A enfermeira olhou e soltou a bomba: “Mãezinha, tem um pouco de sangue saindo do seu colostro. E não é ferida na mama, é lá dentro. Isso não é legal para o neném.” A partir desse momento, tudo ficou turvo. Começamos a receber a visita de várias enfermeiras, e o Dr. Esquisito voltou para dizer que não era mais para amamentar o bebê, porque esse leite com sangue podia provocar náuseas nela. Ela ia ficar superbem tomando complemento. Segundo ele, claro. Resultado: alta retirada e sairíamos do hospital "talvez no dia seguinte", mas, com certeza, quando o sangue parasse.

Eu não queria dar complemento. Sempre ouvi que o colostro é muito importante para a saúde do bebê. “Que p... de sangue era esse?” “Isso não é normal?” De todos os profissionais que entraram no quarto para brigar comigo ao ver a minha filha com a boca no peito, nenhum deles conseguiu me explicar. A única coisa que eu ouvia era: "Mãezinha, o Dr. Esquisito disse que não era para você amamentar o bebê." Mãezinha é o c...

"Como o meu sangue poderia fazer mal pra minha filha? Ela não veio de dentro de mim?” O único problema relatado eram as náuseas. “Sim, ótimo, ela não vai dirigir nem operar máquinas pesadas. É pior ela ter náuseas ou ficar sem o colostro?” Essa pergunta ninguém sabia responder. Bati o pé, briguei e esperneei, igual criança. Não vou deixar de dar o peito! Comecei as ligações: Dra. J., doula querida, o pediatra oficial, coordenadoras de bancos de leite. Todo mundo recomendou continuar o mamar, que não fazia mal para o bebê. A obstetra explicou que o sangue era de vasinhos que romperam na descida do colostro e que ia passar logo. Não é comum acontecer, mas é normal. “Quero ir embora desse hospital agora!"

Para complementar o nervosismo, a Bethânia passou o dia molinha, sonolenta demais, dava umas três mamadas e dormia de novo. “Pronto, meu leite deve estar estragado mesmo...” E aquele nó na garganta.

Após a visita do pediatra dela (que nos tranquilizou bastante) e um check-up para dizer que estava tudo bem, resolvemos sair daquela maternidade. Assinamos uma alta à revelia, laço na cabeça e tchau! Eu já tinha ficado famosa no hospital por ter parido na sala de pré-parto. Agora, eu era a mãe louca e irresponsável que estava querendo criar um bebê-vampiro.

Ao chegar em casa, o meu bebê Nosferatu acordou, agarrou o peito loucamente, mamou como nunca e, até a madrugada, já não havia mais resquícios de sangue no meu leite. Agora, era dar de mamar de três em três horas para a gatinha ganhar peso.



Música do dia: http://letras.mus.br/lenine/183820/