domingo, 28 de abril de 2013

"Deixa a vida me levar"

Com as "primas tortas" Alyce e Maria Júlia


Após uma manhã musical com direito a Clara Nunes e Led Zeppelin, fomos ao primeiro compromisso social da boneca. Festa de três anos do primo Leleo. Fiquei igual a um pavão exibindo minha cria e ouvindo todo mundo dizer que ela é a cara do pai. DE-SA-FO-RO! 

Destaque para os pais que não sabem tirar o bebê conforto do carro, muito menos colocá-lo no carrinho, e tiveram que mobilizar a festa inteira para ajudar.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

"Tudo vira bosta"

Soninho


Nova mania da criança: fazer cocô no banho. Bem na hora de secar o bumbum limpinho e cheiroso para colocar a fralda ela começa a se borrar. Limpa, sai mais, limpa de novo, ops... um peidinho, mais um pouquinho. "Meu bem, coloca logo a fralda!" "Mas a guria não para de cagar." "Fecha a fralda, aí a gente não vê o cocô sair". É, sou uma mãe que deixa a filha cagada. Só não me denunciem de novo ao conselho tutelar, por favor.

Pela primeira vez, a lindinha dormiu por cinco horas seguidas. Quando bateu três, acordei com o peito jorrando leite. Depois, de 15 em 15 minutos eu colocava a mão nela para saber se estava respirando. Complexa essa vida de mãe. Se a filha não dorme, reclama de cansaço. Se dorme, não relaxa de preocupação...

Após um merecido descanso, papai acordou ainda mais apaixonado.


Ser mãe é:
Escolher entre comer, tomar banho ou dormir.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

"Finjo ter paciência"

 
Rock n' roll



Uma nova rotina se inicia. Perto das 6h, algo começa a incomodar a criança. É um espreme, espreme danado. Parece que ela está produzindo um supercocô complexo de sair. Duas horas depois, vem a bomba. Naquele estilo "não tem fralda que segure". Depois disso, ela consegue dormir um soninho até a hora do almoço e outro até o fim da tarde -- horário em que vira um ser berrante. Lá pelas 19h30, dorme de exaustão e volta a ser fofinha.

Entre as receitas tradicionais para cólica, experimentei a funchicória -- um pozinho com cheiro de pum que as mães usavam antigamente, mas a Anvisa proibiu por não ter "efeitos comprovados". A Bethânia acalmou um pouco. Talvez não seja o ideal, mas descobri que, na hora do desespero, meus critérios e noções se vão rapidamente. Como diria um amigo querido: "quem não tem critério, não tem preconceito".

Essa semana surgiu em nossa mesa um livro: Casamento à prova de bebês. Bastante apropriado para o momento. O cansaço somado à insegurança influencia na paciência e tudo fica mais complicado na vida do casal. É muito fácil oscilar entre abraços e xingamentos. O livro tem uma bela recomendação que vamos tentar colocar em prática: só se deve levar uma discussão a sério quando os dois tiverem dormindo 8h por noite há pelo menos um mês. Nesse momento, dormir tanto assim me parece um sonho distante.

Na madrugada...
Que friiiiio. A queda da temperatura nesses dias não foi legal. Acordar para amamentar assim é doído. Como as mulheres de países frio dão mama?

segunda-feira, 22 de abril de 2013

"O sapo não lava o pé"



Manhã de testes:

Teste da orelhinha: Aprovada com louvor!
 

Teste do pezinho: Bethânia tinha acabado de relaxar da aventura sonora quando chegou o enfermeiro do laboratório para extrair seu sangue. Aperta, aperta o pezinho. Tadinha, não sabia que isso doía tanto. A cada berro, uma agulhada no meu coração. Muitas mamadas depois, um banho e uns sacolejos, a boneca conseguiu ter uma bela tarde de sono.

Até as 16h, claro, que é a hora que começa o terror das cólicas. Oh coisa sem jeito...

domingo, 21 de abril de 2013

"Quer saber? Apure"



Aniversário de Brasília!

A coleguinha Clarice nasceu :) Muita luz nesse momento mágico aos amigos Eliane e Renato.

Dando sequência ao momento cólicas, Bethânia sofreu todo o fim de semana com esse bumbo na barriga. Chora, berra, mama, vomita, se contorce, reclama, cochila... Chora, berra, mama, vomita... não necessariamente nessa ordem. Em alguns momentos, ela parecia um bebê exorcista, vomitando em jato. Uma amiga me disse que o Mylicon causou essa reação no filho dela. Na dúvida, troquei pelo Luftal. 

Em busca de uma solução, pesquisei em livros, na internet e fiz perguntas a todas as pessoas que têm filho no mundo. Cada um como uma receita, infelizmente, acompanhada da frase "Ajuda, mas não resolve. A única coisa que resolve mesmo é o tempo". É duro se conformar com isso. Cortei tudo: laticínios, molhos, carne vermelha, legumes que provocam gases, feijão, ervilha, lentilha, grão de bico... Vamos ver se resolve.

Enfim, é isso aí. Ninguém disse que ia ser fácil, só que ia ser bom... muito bom!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

"Saiba, todo mundo foi neném"



Primeira visita ao pediatra. Bethânia ganhou um excelente e uma carinha feliz no boletim.
 

- Peso: 2.960kg (+500gr. além da saída da maternidade)
- Altura: 51cm (+5cm)
- Reflexos e movimentos: muito bons
- Boniteza: em total ascenção


"Doutor, lembra que o senhor falou na maternidade para deitarmos ela do lado direito para evitar o refluxo? Podemos variar isso, porque ela já está pendendo para esse lado?"
"DEVEM!!! A cabeça da menina está ficando redonda de um lado e amassada do outro!"

É, definitivamente precisamos parar de levar as coisas ao pé da letra. Entortamos a guria...

quinta-feira, 18 de abril de 2013

"Procurando bem todo mundo tem pereba"

Com meu amigo "mãozinha"
 
Meu Deus!!! De repente, aquele anjo bonzinho e gostoso virou uma máquina de berrar e pular. A cólica começou cedo e passei o dia tentando fazer algo para acalmar essa dor, que me corta o coração a cada chorinho. Muitos me disseram que para isso não tem remédio, só o tempo, mas meu cansaço resiste em acreditar que terei de passar por isso mais dois meses e meio.

Ser mãe é derrubar preconceitos. Confesso que sempre fui cheia de críticas e preconceitos com mães que dão chupetas e remédios para seus bebês. Em dois dias de cólicas, já pedi ao marido para comprar a melhor chupeta que existe e liguei para o pediatra para perguntar se há algum remédio. A minha agonia é tanta que aceitaria até um sonífero... Hehehe. Quando a situação é na pele da gente, passamos a entender melhor as pessoas e, hoje, me sinto ridícula por sempre ter sido tão radical com algumas coisas. E admiro ainda mais mães que resistem a essas "facilidades". Um simples e belo aprendizado!

A chupeta, ela não pegou (no fundo, senti um alívio). Demos um antigases (Mylicon), que parece ter ajudado um pouco e compramos uma bolsa térmica de grãos de trigo super bonitinha (e cara!) em formato de sapo. Agora é isso, testar, testar e testar.

Pequeno detalhe: 90 fraldas em 17 dias... E a pegada ecológica da filha está ficando tensa.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

"Como é que uma coisa assim machuca tanto?"


Seguindo o ditado "tudo o que é bom dura pouco", acho que a tranquilidade acabou.

Tive hoje a primeira sessão de cólica da boneca. Duas horas em uma luta danada. Demorei a entender o que estava acontecendo, Bethânia chorava, chorava e eu não conseguia fazer nada para acalmá-la. Se a afastasse do meu corpo, parecia que eu estava batendo nela. Se a deixasse muito tempo, ela se debatia toda.

Como as mães passam por isso? É desesperador demais. Só conseguia sentir vontade de chorar junto. Depois de muita canseira e um banho de balde com a tia Fafá, a lindinha dormiu exausta de tanto berrar. E eu junto...

Ps: Sim, hoje a música é brega. Hehehe

sábado, 13 de abril de 2013

"Uma sede de anteontem"

Betha mama, mama, mama... Acho que o objetivo é sair pelas orelhas. Ela não tem limites. Só uma coisa a dizer: golfo no meu cabelo.

Minha pequena está ficando tão gordinha que agora tem bochechas. E o melhor: com uma linda covinha em uma delas :)

Na madrugada...
... Lembrei de uma canção de ninar boa. "É tão tarde. A manhã já vem. Todos dormem. A noite também..." Boa, Dorival! Só teve um problema. A música me fez dormir antes dela. Oh sono sem jeito...

sexta-feira, 12 de abril de 2013

"Me ninava cantando cantigas de cabaré"

 
Tomando banho de balde


"Como é que põe esse neném no bebê conforto?? Que coisa complicada!"

Levamos a boneca para tomar vacina. Tadinha! Cortou o coração vê-la berrando. Parece que a dor era em mim. Chorei junto... E quase chorei também quando a mulher do posto me obrigou a tomar a vacina da gripe. Ela me prendeu lá e disse que eu só ia sair depois de tomá-la. Eu era obrigada por causa do meu recém-nascido. Topei, né? Afinal, sou uma mãe fichada no conselho tutelar. Não posso mais discutir com as autoridades.


O umbiguinho caiu.

À tarde, após uma mamada, Bethânia chora, briga, berra, bate, grita, me aperta, se aperta. "Meu Deus! O que está acontecendo?"
- Bruaaahhhh! (o maior arroto do mundo)
Pronto, passou.


O cansaço...
... Hoje o desespero de fome e sono era tanto que comi um prato de farinha láctea com leite podre e não me dei conta. Até achei um gostinho azedo, mas a fome era tanta que ignorei. Eca!

Na madrugada...
... Vou cantar uma canção de ninar pra ver se ela dorme mais rápido. Qual, qual??? Droga, não me lembro de nenhuma. Vamos de samba mesmo.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

"Nada como um dia após o outro dia"




Betha não dorme mais como antes. Fica em um dorme, soluça, acorda, chora, mama, golfa... Acho que é a personalidade dela aflorando. Deve ter puxado ao pai (hehehe).

O nascimento da boneca foi devidamente registrado no Jornalistas & Cia. Gente coisa é outra fina!

Vesti pela primeira vez algo diferente de uma camisola e descobri que preciso comprar roupas. Por incrível que pareça, tenho poucas peças que permitem fácil acesso aos seios.

terça-feira, 9 de abril de 2013

"O grande poder transformador"

Viva os sete dias! Vestido vermelho pra comemorar

A tristeza ainda mora dentro de mim. É automático: o Guilherme vai trabalhar e o choro começa. Acho que tenho um pouco de medo dela. De não saber o que fazer se ela fizer algo diferente de mamar ou dormir... Enfim, "cantando eu mando a tristeza embora".

Pensamento da madrugada: "Putz, a orelha ficou dobrada de novo. Tenho que lembrar de ajeitar essa orelha na hora do mamá, senão ela vai ficar torta. Será que fica mesmo?"


Música do dia: http://letras.mus.br/caetano-veloso/44717/

segunda-feira, 8 de abril de 2013

"And it makes me wonder"



Papai colocou A música para ela ouvir: Stairway to Heaven. Ficou vidrada e 10 minutos depois, vomitou. É, Led Zeppelin é assim mesmo, minha filha. Uma porrada que marca a gente para o resto da vida.

Primeiro dia que o Guilherme foi trabalhar. Foi instantâneo. Ele saiu e eu caí no choro. Fui acometida por uma tristeza profunda. Chorei por três horas seguidas, sem saber exatamente o porquê. Além da tristeza, a culpa. Eu estava com a coisa mais linda, perfeita e desejada ao meu lado e sentia um vazio enorme. Isso fazia de mim a pior mãe do mundo?

Liguei para minha doula amada, R., aos prantos, igual criança. Aí descobri que isso era normal. Era o tal do baby blues. A maioria das mulheres passa por isso em algum momento após o parto. Viramos uma bomba de hormônios. Por que ninguém me contou isso durante a gravidez? Me contaram e eu não prestei atenção? Passei a entender completamente as mães que têm depressão pós-parto. O negócio é forte.
 

Depois disso, a noite foi muito difícil. Bethânia sentiu minha tristeza e insegurança e ficou bem nervosa. Eu, exausta e com dor de cabeça de tanto chorar, não conseguia fazer muito por ela. Minha irmã teve de entrar em cena para me ajudar até o papai chegar.

Na madrugada, voltei a chorar, agora de dor. Fiz muito esforço tentando acalmar o bebê e detonei algo na minha ainda instável barriga. Liguei para dra. J. às 3h... Voltaren e cama.

Criança devidamente registrada: Bethânia Lambert Goulart


Música do dia: http://letras.mus.br/led-zeppelin/64052/#original

domingo, 7 de abril de 2013

"Linger on, your pale blue eyes"



Adoro dormir um pouquinho, acordar e olhar pra ela. Parece que a cada minuto ela fica mais perfeita. Papai não para de babar. Passou o dia chateado porque volta a trabalhar amanhã.
 

Pela manhã, encaramos uma sessão de choros e incômodos incompreensível. Trocada, de barriga cheia, deitada quentinha na cama com a mamãe e o papai... Não dava pra entender. Depois de meia hora, resolvi examiná-la com mais cuidado. Tadinha, estava com as duas pernas presas em uma só do macacão. 

É, burrice também faz o neném chorar.


Música do dia: http://letras.mus.br/marisa-monte/47290/

sábado, 6 de abril de 2013

"Silêncio, por favor..."




Dia de visitas: vovó Otília, vovô Marinho, tia Mariana, Bernardo, tia Ana...

E a princesa continua se comportando. Mamando e dormindo direitinho. A cada segundo ficamos mais apaixonados. "É impressionante como ela é linda!"
 

Ligamos a televisão pela primeira vez desde que saímos da maternidade. O volume no mínimo, claro.


Música do dia: http://letras.mus.br/paulinho-da-viola/48060/

sexta-feira, 5 de abril de 2013

"Nesta data querida"


A boneca ganhou uma boneca


Aniversário da mamãe. O momento é tão especial e emocionante que a data ficou bem pequenininha... Cantamos parabéns e tomamos café da manhã em família para não passar em branco. Teve até bolo e velinha.

Acordei em uma poça de leite. Desceu durante a noite e, para a minha surpresa, sim, o meu peito tem capacidade para ser bem maior. Ele ficou duro como uma pedra, o dobro do tamanho e, consequentemente, três vezes maior do que a cabeça da Bethânia. Coitada, parecia mamar no Pão de Açúcar. No fim da tarde, aprendi a me ordenhar para aliviar a pressão. O banco de leite agradece.

Durante o dia, recebemos a ligação e a visita do Conselho Tutelar. Com uma filha de três dias, já estávamos fichados. O hospital nos denunciou por termos ido embora sem a alta do pediatra de plantão, e uma conselheira veio checar se estava tudo bem. A moça ficou até com vergonha quando chegou e viu como a filha estava sendo "maltratada" — engordando, mamando e coradinha. Em um primeiro momento, pareceu piada, mas depois ficamos felizes em saber que o Conselho Tutelar funciona na capital do país. O trabalho deles é bastante importante. 

Agora vamos ter de andar na linha, não somos mais ficha limpa...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

quarta-feira, 3 de abril de 2013

"E eu tão singular me vi plural"





Quantos barulhinhos... Será que ela tá bem? É normal? É um espreme, espreme... Deve ser pra colocar tanto gás pra fora. A menina é uma máquina de pum. Solta cada bomba, capaz de fazer inveja em adolescentes.

Noite e madrugada complicadas. Por causa de uma superlotação e um surto de cesáreas em 2 de abril — justificado pela Semana Santa — ficamos sem assistência no hospital. Não tínhamos lençol, toalha, travesseiro, comida e, muito menos, a ajuda das enfermeiras. Passei a noite com a criança encostada no meu corpo para ter a certeza de que ela estava bem e quentinha. A intenção era de que a saída do útero não fosse tão traumática. "Acho que ela está cagada. O que a gente faz? Troca? Chama uma enfermeira..." Ficou cagada. "Ela está chorando... Põe no peito". A noite dela foi tranquila. A nossa, cheia de emoções.

Não dormi. Quando fechava os olhos, revivia cada segundo do parto. Ia a lugares dentro de mim nunca antes explorados. Eu era um misto de adrenalina e de emoção inexplicável. "Como é possível ela estar aqui nos meus braços e eu ainda estar sentindo ela tão intensamente dentro da minha barriga?" Sensação estranha. "Como eu posso ter feito essa coisinha tão linda, pequena e frágil?" A vida é um milagre. Eu agradeço!

O dia começou cedo com um entra em sai danado no quarto. Toda hora um médico, uma enfermeira e, principalmente, alguém para "vender" alguma coisa: exame da orelhinha ultratecnológico, teste do pezinho com análise especial, furo da orelhinha... A dra. J. assinou minha alta logo cedo e ficamos na dependência da liberação do bebê. Pela manhã, outro pediatra do hospital (vamos chamá-lo de Dr. Esquisito) veio vê-la e estava tudo bem. Podíamos ir para casa às 18h. Era só esperar.

Por causa da minha mania de querer saber de tudo, chamei alguém do banco de leite para me ajudar a encontrar uma posição menos travada de amamentar. Erro. A enfermeira olhou e soltou a bomba: “Mãezinha, tem um pouco de sangue saindo do seu colostro. E não é ferida na mama, é lá dentro. Isso não é legal para o neném.” A partir desse momento, tudo ficou turvo. Começamos a receber a visita de várias enfermeiras, e o Dr. Esquisito voltou para dizer que não era mais para amamentar o bebê, porque esse leite com sangue podia provocar náuseas nela. Ela ia ficar superbem tomando complemento. Segundo ele, claro. Resultado: alta retirada e sairíamos do hospital "talvez no dia seguinte", mas, com certeza, quando o sangue parasse.

Eu não queria dar complemento. Sempre ouvi que o colostro é muito importante para a saúde do bebê. “Que p... de sangue era esse?” “Isso não é normal?” De todos os profissionais que entraram no quarto para brigar comigo ao ver a minha filha com a boca no peito, nenhum deles conseguiu me explicar. A única coisa que eu ouvia era: "Mãezinha, o Dr. Esquisito disse que não era para você amamentar o bebê." Mãezinha é o c...

"Como o meu sangue poderia fazer mal pra minha filha? Ela não veio de dentro de mim?” O único problema relatado eram as náuseas. “Sim, ótimo, ela não vai dirigir nem operar máquinas pesadas. É pior ela ter náuseas ou ficar sem o colostro?” Essa pergunta ninguém sabia responder. Bati o pé, briguei e esperneei, igual criança. Não vou deixar de dar o peito! Comecei as ligações: Dra. J., doula querida, o pediatra oficial, coordenadoras de bancos de leite. Todo mundo recomendou continuar o mamar, que não fazia mal para o bebê. A obstetra explicou que o sangue era de vasinhos que romperam na descida do colostro e que ia passar logo. Não é comum acontecer, mas é normal. “Quero ir embora desse hospital agora!"

Para complementar o nervosismo, a Bethânia passou o dia molinha, sonolenta demais, dava umas três mamadas e dormia de novo. “Pronto, meu leite deve estar estragado mesmo...” E aquele nó na garganta.

Após a visita do pediatra dela (que nos tranquilizou bastante) e um check-up para dizer que estava tudo bem, resolvemos sair daquela maternidade. Assinamos uma alta à revelia, laço na cabeça e tchau! Eu já tinha ficado famosa no hospital por ter parido na sala de pré-parto. Agora, eu era a mãe louca e irresponsável que estava querendo criar um bebê-vampiro.

Ao chegar em casa, o meu bebê Nosferatu acordou, agarrou o peito loucamente, mamou como nunca e, até a madrugada, já não havia mais resquícios de sangue no meu leite. Agora, era dar de mamar de três em três horas para a gatinha ganhar peso.



Música do dia: http://letras.mus.br/lenine/183820/

terça-feira, 2 de abril de 2013

"Iluminou"




38 semanas de gestação

6h07

- Babe, babe... Acho que a minha bolsa estourou.
- Anh, que?
- Minha bolsa. Estou perdendo muito líquido. Fazendo xixi sem controle...
- Claro que não, babe. Bolsa estourada faz “chuááá”. Vem dormir.
- Não, babe, é sério.

Confirmado o rompimento. Liga pra médica, liga para doula, vamos pro hospital... E eu ali pensando: “E agora? Por enquanto, não sinto nada. Quando e como começa? Tanto dia para nascer e a Bethânia escolhe quando estou gripada. Será que vou conseguir?”

Me mandaram tomar banho, comer, dormir e descansar, porque o dia ia ser longo. Mas como dorme? Minha cabeça era um turbilhão. Relaxei um pouco com uma massagem da minha irmã, mas o foco estava nas sensações do corpo. Uma cólica suave (semelhante à menstrual) ia e vinha e uma vontade intensa de ir ao banheiro.

Marido agoniado. Tá bom, vamos para o hospital. No caminho, o som me presenteou com a linda voz de Clara Nunes: “Raiou, resplandeceu, iluminou. Na barra do dia o canto do galo ecoou. A flor se abriu...” Chorei. Estava aí a trilha sonora do nascimento da minha pequena.

Ao chegar, a dra. J. examinou: 1cm de dilatação. “Vai pra casa. Relaxa. Quando as contrações estiverem de 5 em 5 minutos vocês voltam.” Casa??? Nem pensar, a minha casa é muito longe. Fui pra sogra. No caminho, aquela colicazinha foi se transformando em colicazona. Em meia hora, eu já não conseguia relaxar mais. “Marca aí no celular, babe”. “Foi forte, fraca ou média?” “Sei lá, acho que foi fraca, pensando que ainda vai piorar, mas foi forte...” “Outra, marca de novo.” “Foi forte?” “Não sei, só marca!” Em menos de uma hora, as contrações ficaram de 5 em 5 minutos. Liga pra doula. Liga pra médica. Volta para o hospital.

Na maternidade, me encaminharam para o pré-parto, porque não havia quarto disponível, e a médica, que estava no centro cirúrgico, tinha de solicitar a internação. “Será que só eu percebo que o bebê tá nascendo? Pelo amor de Deus, me leva para um quarto!!!” Marido rodopiando tentando ajudar. Minha doula, a R., chegou. Honestamente, não sei como alguém consegue parir sem esse suporte. Foi essencial. As contrações iam e vinham de 3 em 3 e bem intensas. Às 13h30, fui tocada e 3cm: “Meu Deus! Ainda faltam 7cm??? Isso vai durar o dia todo. Será que vou aguentar?” 

Entrei no chuveiro. Na água quente, aproveitei cada segundo de não contração para descansar. Chegava quase a dormir, quando vinha outra me apertando. De repente, já não era mais possível me sentar ou me mexer direito. Me arrastei até a maca e, depois de um novo toque, a notícia da médica: “Abriu tudo. A cabeça taí. Vamos lá. Enfermeiras, vou fazer o parto aqui mesmo”. O hospital ainda não tinha me arrumado um quarto. Minha filha ia nascer ali, sem estrutura, sem material esterilizado, sem condições. Enfim, vamos lá.

De repente, o meu corpo começou a me pedir para fazer força. Uma ação totalmente irracional, puro instinto. A cada contração, aquele movimento surgia. A força mais incrível que já senti. Nem acreditei que existia algo tão intenso e lindo dentro de mim. E, de repente, na hora do “tá coroando”, entra o pediatra do hospital (vamos chamá-lo aqui de Dr. Aloprado) chutando a porta e gritando com a médica: “P..., dra. J. Como você está fazendo o parto aqui, sem estrutura. Esse bebê não pode nascer nesse ambiente contaminado, não tem nem oxigênio”. E saiu para buscar o oxigênio. Todos atônitos na sala. Eu, de cócoras, em cima da maca, apoiada no marido e na doula, e sem entender ao certo se aquilo tinha acontecido mesmo.

Outra contração, mais força, está saindo. “Nossa, que calor, que sensação incrível!”. Dr. Aloprado entra novamente na sala: “Não acredito, dra., que você está fazendo esse parto aqui. É um absurdo! Blá, blá, blá...” “O SENHOR PODE FAZER O FAVOR DE CALAR A BOCA!?!?” Boa, marido! Mandou o Dr. Aloprado se calar, e pudemos aproveitar os últimos segundos da nossa neném saindo de dentro de mim, com um grito tão profundo que demorei alguns segundos para recobrar a consciência. Será que o médico não percebeu que tinha uma mulher parindo?

Um lindo milagre! Às 15h10, Bethânia chegou ao mundo com os curiosos olhos abertos e um chorinho tranquilo. Logo pegou o peitinho cheia de apetite.

“Nossa, ela é linda! Você acredita que a gente fez essa coisa maravilhosa? Narigudinha, né?”

E os telefones não paravam e todos festejavam a chegada da princesa. A cada “É a cara do pai, mas tem a orelha e o nariz da mãe”, eu pensava: “É... acho que sou nariguda!”


Música do dia: http://letras.mus.br/clara-nunes/127958/