sábado, 14 de junho de 2014

"Ela não anda. Ela desfila"

Desde que nasceu, a Bethânia rapidamente ficou firme. Pescoço duro, olhar curioso e costas retas. Precocemente, resolveu que queria ficar sentada para ver o mundo por outro ângulo e, logo, estava engatinhando e ficando em pé apoiada nos móveis. Por causa disso, sempre escutava das pessoas "vai andar rapidinho". Não dá pra negar, que fiquei ansiosa. Queria que andasse logo, mas ela completou 9, 10, 11 meses e não caminhou. Em março, sonhei que a gostosura andaria no fim do mês, em Porto Alegre, e, de certa forma, foi o que aconteceu.

Digo de certa forma porque o processo é complexo. Muitas pessoas falam "eles simplesmente levantam e saem andando", mas não é verdade. O andar é um conjunto de ações e descobertas demorado. É um trabalho que, se pararmos pra pensar, começa lá no início, quando eles endurecem a coluna. O caminho para chegar aos primeiros passinhos, pelo menos para a minha filha, foi longo e muito bem calculado. O pezinho que foi se ajustando, o equilíbrio que foi se entendendo e os movimentos se acertando até estar tudo pronto, apesar da ansiedade dela e da minha.
 

Enfim, em Porto Alegre a gente começou a brincar com ela daquela "vai com a mamãe", "vai com o papai". Ali, os primeiros passinhos saíram desengonçados e desequilibrados e, em duas semanas, o progresso foi pouco. Ao voltarmos para Brasília, a dois dias dela completar um ano, mudamos a brincadeira. Apoiamos ela de costas em uma parede e a chamamos. Eureka! Ali, sem segurar nas mãos de ninguém, ela equilibrou o corpo e engatou a primeira com segurança. Pronto, ali ela, finalmente, andou.
 



A liberdade que ela sempre quis foi conquistada. Agora, ela anda para onde quer, corre, samba, sobe e desce rampas e escadas (para nosso desespero!), se pendura nas coisas e, como todos esse desafios já foram superados, ela volta e meia fica brincando de andar de costas só para mostrar que com ela não existe esse negócio de limite. Agora, ela anda até tocando vuvuzela.


 

E eu, ainda me pergunto o por quê de tanta ansiedade. Era tão mais fácil controlar a pequena e evitar os acidentes quando ela não andava.



segunda-feira, 28 de abril de 2014

"Vamos a la playa oh o-o-o-oh"



Acabamos de tirar um mês de férias. Como as últimas tinham sido usadas para aumentar a licença-maternidade, estava desesperada por uma viagem legal e um banhozinho de mar. Passamos uns 10 dias em Porto Alegre, onde a Bethânia aproveitou muito a família e os amigos do papai. Depois, finalmente, fomos curtir uma brisa oceânica. Por uma questão de logística e distância, escolhemos Bombinhas, em Santa Catarina. Uma praia excelente para bebês.

No primeiro dia, nós, marinheiros de primeira viagem, naquela linda visão de praia que pessoas solteiras têm, achamos que sentaríamos debaixo do guarda-sol, tomaríamos uma cerveja e comeríamos um peixe frito. Enquanto Bethânia, linda de chapéu e biquíni, brincaria na piscininha com água e areia. Sabe de nada, inocente! A guria despirocou. Eram os maiores parquinho e piscina do mundo. Ela não parou quieta um segundo. Não ficava na piscina, na sombra, no colo, só queria sair por aí, curtindo a vida adoidada. Comeu areia, jogou pro alto, brincou com as ondas, bebeu água do mar, cavou buraco, perseguiu os cachorros vira-lata. Uma farra incontrolável. A excitação era tanta, que não queria dormir à noite. Uma luta para acalmá-la. No fim do primeiro dia, a única certeza que tínhamos era "praia com neném nunca mais". Oh troço cansativo!

A partir do dia seguinte, conseguimos estabelecer uma rotina que foi deixando as férias mais agradáveis. Praia bem cedinho, soninho de manhã, almoço, soninho de tarde, piscina e praia no fim do dia. Nos momentos de sol muito forte, ficávamos com ela na brinquedoteca da pousada. Sim, é importante gastar dinheiro com um lugar que tenha estrutura para bebês. Isso fez toda a diferença. Segurar uma criança despirocada dentro do quarto porque o sol está forte demais é complicado. Além disso, compramos pra branquela uma daquelas roupas de surfista com protetor solar pra podermos ficar um pouco mais despreocupados com a radiação solar.





No fim, depois de tudo, relaxamos e vimos que até dá pra levar um neném pra praia. Tudo é uma questão de expectativa. Quem sabe daqui a 10 anos dá pra sentar, tomar uma cerveja e contemplar a paisagem.

domingo, 9 de março de 2014

"Palavras apenas, palavras pequenas... Palavras ao vento"



Filho de jornalista sofre desde cedo

Uma pergunta muito comum entre as pessoas é "Qual foi a primeira palavra do bebê?" Lá em casa, uma brincadeira recorrente é que a primeira palavra da minha irmã foi "compra", mas tudo em tom de brincadeira e pouco bullying (hehehe). Enfim, como muitas coisas sobre a maternidade, nunca havia refletido sobre isso, mas, agora, quando vejo a Bethânia pra cima e pra baixo falando "ma-mã", "ma-mã", parei para pensar o que isso significa.

Sim, foi a primeira palavra dela, mas, ao contrário do seria uma reação "normal", isso não me deixa com os olhos marejados ou cheia de orgulho e emoção. Acho que por dois motivos específicos. Primeiro, demorei a entender se havia intenções por trás daquele som. Desde bem pequena, ela é superfaladeira. Está sempre fazendo um monte de barulhos, sons desconexos e cantando, cantando muito alto (ela só dorme se ninando). Aos três meses, ela já imitava a gente fazendo "a-e-i-o-uuuuu". Então, quando ela falou mesmo o primeiro "ma-mã", ela já tinha brincado com essas sílabas diversas vezes, o que soou natural pra mim.

Segundo, normalmente, ela usa o "ma-mã" quando chora, pendurada nas minhas pernas pedindo colo ou me procurando pela casa. Então, acaba que ela usa mais a palavra em momentos "sofridos" e essa é a associação que fica. Fora que ela chama o pai e a babá de "ma-mã" também. Ou seja, não sou eu. "Ma-mã" é o sentimento de acolher e de cuidar. Isso eu acho importante e emocionante. A primeira coisa que a minha filha aprendeu é que mãe é isso: abraçar e amparar.

Já o papai, ficou todo bobo quando ela soltou o primeiro "ba-bai" olhando pra ele.